terça-feira, julho 31, 2012

Conversas secretas

Não sabemos se alta madrugada, quando o último boémio regressa a casa, o poeta Chiado desce do seu pedestal e vai sentar-se a cavaquear à mesa de Pessoa, o fingidor que passa o dia sentado, ali em frente, a posar para fotografias com turistas. A cadeira vazia é um convite explícito. Também não se sabe se alguma vez Camões desceu do seu Largo ou se Garrett subiu da sua Rua para se juntar à conversa. Eça não perderia por nada esses momentos e pouco teria que andar, deixando a Verdade envolta no manto diáfano da fantasia, ali a meio da Rua do Alecrim.
E que diriam um ao outro o autor do Auto das Regateiras e o poeta da Mensagem? O que se sabe é que o pobre do poeta Chiado, que teve direito a estátua 334 anos após a sua morte, passou a ser um figurante do Largo com o seu nome, desde que a estátua de Pessoa, no dia de Santo António de 1988, se sentou à mesa da esplanada da Brasileira, quase em frente da Havaneza. Mas o que quer que se passe na conversa entre ambos, nas horas em que a poesia toma conta da cidade, fica com eles. De manhã, quando as pessoas voltam a circular no Largo, o empregado da Brasileira limpou a mesa. E a empregada da Tabacaria Havaneza sorriu.
Texto de João Francisco. Fotos de Francisco João (direitos reservados).
"Conversas secretas" foi título de um programa de entrevistas de Baptista-Bastos na televisão.

sábado, julho 28, 2012

D Pedro a pedir barrela

Não, não vamos ressuscitar a polémica que eruditas argumentações artísticas e sábias congeminações científicas enterraram. A estátua ao centro do Rossio representa D. Pedro IV, como a designação da Praça consagra, e não o imperador Maximiliano do México, como rezava a lenda. O equívoco será mesmo ofensivo para a memória de D. Pedro, um monarca adiantado no seu tempo, que advogava o fim da escravatura, a independência do Brasil e o constitucionalismo em Portugal, contra os absolutistas, como seu irmão D. Miguel. Quanto a Maximiliano, ficou para a história como um “fantoche francês”, um imperador do México “importado”.
Parecenças físicas também não as havia. Mas no alto de um pedestal com 27,5 metros, a estátua poderia com efeito representar o Rei-Soldado, o Fantoche Francês ou o ator Tarcísio Meira, que fez de D. Pedro no filme Independência ou Morte.
Para além de toda a polémica, indiscutível é que a estátua, vista de cima e de perto, está coberta de uma patine pombalina e a pedir uma valente barrela.
Fotos de Francisco João (direitos reservados). Texto de João Francisco.

quinta-feira, julho 26, 2012

Descendo do Castelo, a Saudade...


António Tabucchi descobriu certo dia, entre o Castelo e a Sé, “dois símbolos da cidade”, uma rua à qual não ia qualquer visitante ocasional. Só alguém como ele próprio, que não se guiava por roteiros turísticos, mas pelo guia do coração, pessoal e pouco turístico. E foi assim que Tabucchi, descendo da porta do Castelo, deu com a Rua da Saudade e escreveu um texto que incluiu no volume Viaggi e altri viaggi.

 “Para entender o que é saudade, nada melhor do que senti-la diretamente. O melhor momento é, sem dúvida, o pôr-do-sol, que é a hora canónica da saudade, mas também em certas noites de nevoeiro atlântico, quando sobre a cidade desce um véu e se acendem os candeeiros. Ali, sozinhos, com esse panorama diante de vocês, talvez sintam uma espécie de perturbação. A imaginação fará com que pensem, no regresso a vossas suas casas e aos vossos hábitos, na nostalgia de um momento privilegiado das vossas vidas, quando estavam numa lindíssima e solitária ruela de Lisboa, olhando para um panorama perturbador. Sim, o jogo começou: estão sentindo nostalgia do momento que vocês estão vivendo neste momento. É uma nostalgia do futuro. Experimentam, assim, pessoalmente, a saudade.”
O escritor Antonio Tabucchi nasceu italiano e morreu português por amor a Portugal e em particular a Lisboa.
O escritor Antonio Tabucchi localizou na Rua da Saudade, 22, 2º andar, a residência do Doutor Pereira, protagonista de Afirma Pereira. 

Post Scriptum: no nº 23 da Rua da Saudade viveu e morreu, aos 47 anos de idade, o poeta José Carlos Ary dos Santos, "poeta de Lisboa e do seu povo, de Portugal e de Abril". À data da morte tinha em preparação um livro autobiográfico intitulado Estrada da Luz - Rua da Saudade. O seu nome foi dado a um largo de Alfama.
Foi um poeta e um homem único. J.F.
Fotos de Francisco João (d.r.). Texto de João Francisco.

terça-feira, julho 24, 2012

Lisboa vista da mais alta colina



Lisboa, “em seu corpo amontoado de colinas” (Sophia), tem muitas vistas sobre Lisboa. Vê-se sempre do alto, esta bela e rara cidade que sobe e desce pelas encostas do tempo e da história. A colina de São Jorge e o Castelo têm vestígios da Idade do Ferro e pedras talhadas há dez séculos nas fundações. E é da mais alta das sete colinas que a beleza da cidade mais ganha, perdendo-se de vistas na volta completa da rosa-dos-ventos.
Para além do Tejo começa o Sul. O Norte segue para lá do Areeiro, da Praça de Londres e bairro de Alvalade. O Oeste segue sobre a Baixa Pombalina, com o vale da Avenida da Liberdade e, para lá da Basílica da Estrela, pela mata de Monsanto. O Leste chega das colinas da Graça e de São Vicente e aí está de novo o Tejo e a nova ponte, completada a viagem de 360 graus pela rosa-dos-ventos.
E depos há vida nos “meandros de espanto” da cidade. Um deslumbramento e uma paisagem viva. Embalada pelo Tejo, Lisboa oscila “como uma grande barca” (Sophia).
Fotos de Francisco João (d.r.). Texto de João Francisco.

segunda-feira, julho 23, 2012

Comes e bebes

A Taberna da Rua das Flores é um dos novos estabelecimentos de Lisboa que recupera a tradição quase perdida dos comes e dos bebes à mesa da conversa. Pois aqui está uma taberna, reconstruída no seu espírito e em alguns dos seus petiscos. Na Taberna das Ruas das Flores, há petiscos do meio-dia à meia-noite. E há petiscos no prato para o almoço - meia desfeita de bacalhau (muito bem condimentada), iscas (suculentas e deliciosas), e outras especialidades que recuperam velhos pratos tradicionais de extração popular. Para beber, o vinho é da região de Lisboa, serve-se a copo e é bom. Pratos de esmalte, copos de vidro grosso, música da telefonia.
Entre as receitas de maior sucesso na ardósia da Taberna da Rua das Flores - para o petisco, como para o almoço - contam-se as Sanduiches Proletárias, de sangacho (de atum) com cebola, de torresmos, de cachaço de porco, etc. O melhor é experimentar. Rua das Flores, 103, já perto do Camões.

domingo, julho 22, 2012

Lisboa a ver navios

Três dias no Tejo e os 48 grandes veleiros da Tall Ships Races partiram, como é do destino dos navios: levantar âncora, deixar o porto e “perder-se no longe”, até ser um “ponto cada vez mais vago no horizonte…” (Ode Marítima, Álvaro de Campos).
Seguiram para Cádis, de onde partem para La Corunha, de onde seguem para Dublin. Milhares de pessoas acompanharam todo o dia da despedida. A regata volta a passar por Lisboa em 2016. Por agora, que os veleiros partiram é que Lisboa ficou positivamente a ver navios.
(Sobre a expressão “a ver navios”, tirar dúvidas no Ciberdúvidas da Língua Portuguesa)
Fotos de Francisco João (d.r.). Texto de João Francisco.

sábado, julho 21, 2012

Veleiros iluminam a noite de Lisboa

Quarenta e oito veleiros despidos de velas, vestidos de luzes, exibindo a armação de mastros grandes, traquetes, mezenas, gurupeses e retrancas, ligada por cordame, cabos, espias e adriças, animaram as noites de sexta e sábado, no Jardim do Tabaco. Foi uma romaria, talvez porque a maresia ainda corra nas veias deste Povo. Domingo os veleiros levantam âncora. “Ah, todo o cais é uma grande saudade de pedra” (Álvaro de Campos).
Fotos de Francisco João (d.r.). Texto de João Francisco.

sexta-feira, julho 20, 2012

Veleiros em Lisboa 2º dia

"Ah, os navios de vela! Vão rareando os navios de vela nos mares! E eu, que amo a civilização moderna, gostaria de ter outra vez ao pé da minha vista só veleiros e barcos de madeira, de não saber doutra vida marítima que a antiga vida dos mares. Porque os mares antigos são a Distância Absoluta."
Álvaro de Campos, Ode Marítima
Foto de Francisco João (d.r.)

quinta-feira, julho 19, 2012

Veleiros do Mundo demandam Lisboa

Álvaro de Campos escreveria outra Ode Marítima, ou reescreveria a mesma, perante o espetáculo deslumbrante de mastros e velas, rodas do leme, cordagens, gáveas, flâmulas, galdropes, escotilhas que enche a vista entre o Jardim do Tabaco e o Terreiro do Paço. “Ó cousas navais, meus velhos brinquedos de sonho!” Absolutamente imperdível!

fotografias de Francisco João ( d.r.) e texto de João Francisco.

terça-feira, julho 17, 2012

O Metro apanhou o avião

Cinquenta e três anos após a inauguração do Metropolitano de Lisboa, o comboio chegou ao Aeroporto da Portela. O Metro que começou em Y, dos Restauradores para o Marquês e dali para Sete-Rios ou Entrecampos, é hoje uma rede de quatro linhas e 58 estações num total de 48,8 quilómetros. A ligação agora inaugurada, o troço da Linha Vermelha do Oriente ao Aeroporto, com passagem por Moscavide e Encarnação, demorou mais de cinco anos. Mas agora, os visitantes que chegam ao Aeroporto  são recebidos pela nata da sociedade lisboeta: 53 figuras da cidade de Lisboa observadas e desenhadas pelo talento do cartoonista António (Antunes) dão as boas-vindas a quem chega.
Meu nome é Pessoa. O Caeiro, o Campos e o Reis não puderam vir. Como passou? Ou então: Sou a Amália. E Deus deu-me esta voz a mim! Ou ainda: Eu cá sou o Vasco Santana. O Vasquinho. "Olha lá, mas então tu és dois?"
 
Fotos de Francisco João (direitos reservados).
Texto de João Francisco.

segunda-feira, julho 16, 2012

Bom, abundante e bem confecionado

Rui, Laurinda, Gertrudes, Ana, a equipa de Vergílio Oliveira.
O bacalhau das sextas-feiras.
Já foi uma carvoaria, uma taberna, uma tasca de peixe frito, até que, há 12 anos, Vergílio Oliveira pegou no negócio e fez do restaurante Zé da Mouraria um sucesso. A casa não tem qualquer placa com o nome à porta mas quem lá vai sabe bem - e que bem sabe! - o que pode encontrar nos números 26 e 30 da Rua João Outeiro. E o que toda a gente encontra e reconhece é a qualidade e quantidade da comida que vem para a mesa e o serviço acolhedor. Nas paredes há fotografias de glórias do Bairro, como o fadista Fernando Maurício ou o pugilista Juvenal de Oliveira.


Os pratos de bacalhau são porventura o maior sucesso do Zé da Mouraria: à minhota, aos sábados, assado com pimentos e servido, sem espinhas, com grão e batata a murro às sextas-feiras. Mas todos os pratos têm sempre alguma mais-valia sobre a receita habitual. As iscas lembram as receitas das nossas avós, com o molho grosso do baço raspado, as sardinhas vêm assadas no ponto certo, o cachucho frito é hoje uma raridade nas listas de restaurantes. E as doses são muito generosas. Aberto ao almoço, até tarde. Encerra ao domingo e no mês de Agosto. Convém marcar mesa (218 865 436). Chega-se lá pela Rua da Mouraria (atrás do Centro Comercial), virando na Rua do Capelão e na primeira à direita para a Rua João Outeiro. Bom apetite e bom proveito.

Texto de João Francisco. Fotos de Francisco João.

quinta-feira, julho 12, 2012

Requalificação da Mouraria? Bem precisa

Esta é a casa, na Rua do Capelão, onde terá vivido Maria Severa Onofriana, a mítica Severa do fado. Também há quem diga que a Severa nasceu na Mouraria mas isso é menos consensual. Mas lá viver e cantar, na Rua do Capelão, no século XIX, tudo indica que sim. Do outro lado da rua estreita, devidamente assinalada, fica a casa onde nasceu Fernando Maurício e  que é hoje uma loja de discos e filmes indianos decorada com cartazes de estrelas de Bollywood.
A Severa viveu na miséria e morreu aos 26 anos minada pela tuberculose, sendo sepultada em vala comum no Alto de São João. Mas a memória e o culto de um símbolo do fado mereciam viver para sempre com outra dignidade e reconhecimento.
 
Texto de João Francisco. Foto de Francisco João (direitos reservados)

Sugestão do Dia

Aproveite estes dias para visitar a Fundação José Saramago, na Casa dos Bicos, em Lisboa.
Veja originais e  notas de trabalho, rodeado de livros em diferentes línguas. Pode também observar a medalha que José Saramago recebeu pela conquista do único Prémio Nobel da Literatura com que Portugal já foi galardoado.
Também se pode ver a máquina de escrever que foi utilizada por um dos maiores escritores portugueses de sempre, na escrita de diversos livros.
A Fundação José Saramago está aberta todos os dias, exceto ao Domingo. Para mais informações relativas a preços e horários consulte o site da Fundaçao José Saramago.

quarta-feira, julho 11, 2012

"Cidade Branca"

As revistas Time e USA Today incluíram este ano nas propostas de férias para os leitores uma visita a Lisboa. A Time designou-a por "Cidade branca", recuperando o título do filme de 1983 do suíço Alain Tanner. O filme contava uma história pouco mais que banal e o título, na opinião de Baptista-Bastos, devia-se a "engano daltónico" do realizador. Mas Lisboa acabava por ser a verdadeira protagonista, na luz captada pelo diretor de fotografia Acácio de Almeida. Depois de "Cidade Branca",  confessando-se fascinado por Lisboa, Tanner rodou "Requiem", baseado no romance de António Tabucchi. Contenporânea dos filmes de Tanner é a "Lisbon Story", de Wim Wenders.
Volta e meia, a "cidade branca" está na moda, precisamente porque é uma cidade cujo fascínio e esplendor ultrapassa o efémero e o casual. A revista Time chamava-lhe este ano "a cidade branca imponente". Pouco antes, Jeremy Irons e Charlotte Rampling tinham contracenado com Nicolau Breyner e Beatriz Batarda nas filmagens de "Comboio noturno para Lisboa", segundo romance de um outro suíço, Pascal Mercier.
Esta cidade imponente desperta curiosidade lá fora. Cá dentro acende paixões.
Texto de João Francisco. Foto de Francisco João (direitos reservados) 

terça-feira, julho 10, 2012

Ai Mouraria

Chamam-lhe "o berço do fado" e talvez nenhum outro bairro popular de Lisboa esteja tão marcado pelo signo e a sina fadista, nos nomes das ruas, no coração das pessoas, na alma do lugar, como a Mouraria. Entra-se no bairro pela Rua da Mouraria - a "Mouraria Cantante",  "a mais boémia, a mais fadista", diz a letra de Raul Ferrão para a música de Frederico de Brito - e chega-se à Rua do Capelão. E aí começa a polémica fadista - e não é pela alusão à "virtude" da Rosa Maria mas pela autoria de "Há festa na Mouraria" e/ou "Senhora da Saúde". Para se esclarecer sobre a polémica leia aqui.
 
Na Rua do Capelão está a casa onde nasceu Fernando Maurício e, mesmo em frente, a casa desmantelada "onde a Severa cantou o fado e viveu" - reza a letra de Maria Teresa de Noronha para as notas do Fado Pechincha. O Largo da Severa é logo a seguir. E subindo do Largo depara-se com a casa onde nasceu Argentina Santos. E por aí fora, um nunca acabar de referências fadistas. A Mouraria - hoje o bairro mais multicultural de Lisboa - não terá muito turismo organizado em redor do fado, como Alfama, o Bairro Alto ou a Madragoa. Mas o fado está ali, na alegria como na dor das pessoas, e na história das ruas, becos, escadinhas e calçadas que embalaram a canção urbana da cidade de Lisboa.

Texto de João Francisco. Fotos de Francisco João (direitos reservados)

sexta-feira, julho 06, 2012

O Tejo é sempre novo

 
Quando o Zé Cacilheiro era rapazote levou consigo no bote "uma varina atrevida". Assim reza a crónica de Paulo da Fonseca, na música de Carlos Dias e na voz do grande José Viana. Depois, com o tempo, "a idade foi chegando, o cabelo branqueando... Mas o Tejo é sempre novo". Quanto ao cacilheiro cá continua, "comboio de Lisboa sobre a água", escrevia, como só ele, o poeta José Carlos Ary dos Santos. O Tejo desagua à vista de Lisboa. E nem Lisboa nem o Tejo seriam o que são sem a companhia do outro. Para os lisboetas, o Tejo é um caudal de história, de vida, e é também um logradouro, que corre para o mar mas permanece para que a Cidade se veja no espelho das águas. Atravessar o Rio é a pequena aventura náutica diária para milhares de trabalhadores. Mas é também o imenso prazer de ver a Cidade e a Outra Banda como o Tejo as vê, do meio das águas, quando se atravessa de uma margem para outra para o trabalho, para a praia, na Costa da Caparica, ou para uma simples sardinhada, ao domingo, no cais do Ginjal.
Nota: O Raul Solnado fez a travessia no Outono / Inverno. E em vez de comer sardinhas, meteu-se numa grande caldeirada.
Texto João Francisco. Foto Francisco João (direitos reservados)

quinta-feira, julho 05, 2012

Alfama, o Fado e os Poetas

Há quem diga que o fado nasceu em Alfama. Talvez seja liberdade poética, porque Alfama inspira a poesia. E o poeta Mário Raínho, no poema Origem, conta que foi em Alfama e na Moirama que cresceu o menino, "clandestino" nas "naus dos torna-viagem", que à entrada da barra "soltou a voz e, ao som da guitarra, chorou como quem canta".
Era o fado. E se "Alfama não cheira a fado", verdade é que "não tem outra canção". É o que diz o poema
de Ary dos Santos ao qual Amália emprestou a voz.
E aqui temos as Vielas de Alfama. "
Não há fado que não diga coisas do vosso passado", escreveu Max e muitas vozes o cantam. Seja como for, há muito quem queira lá morar, "para viver junto do fado". Teve má-fama, "Alfama mal-afamada"? Bem avisou um mote do poeta Francisco Radamanto: "A fama às vezes difama gente boa, gente honrada". Liberta de preconceitos, Alfama subiu à mais alta água-furtada nas asas da poesia de David Mourão-Ferreira: "E a sua colcha amarela a brilhar sobre Lisboa, é como estátua de proa que anuncia a caravela".
Voltaram ao Cruzeiro de Santo Estevão os "fadistas de fama que sabem cantar o fado".
E no ar fica, na música eterna do Fado Vitória, a voz do maior de todos eles: Fernando Maurício.

quarta-feira, julho 04, 2012

Causa Justa: A Freguesia é do Povo

Quem entrar por estes dias em Alfama pelo Largo do Chafariz de Dentro depara, na direção da Rua dos Remédios, com um cartaz que reclama: "A Freguesia é do Povo. Não à extinção". Santo Estevão, como São Miguel, são duas das 12 freguesias de Lisboa condenadas à extinção pela Reforma da Administração Local, que resistem à condenação em nome do Povo que representam.
As Juntas de Freguesias constituem o órgão de administração local mais próximo das populações. Não se extingue ou substitui uma Junta de Freguesia sem cortar ou dificultar os laços de ligação dos cidadãos à administração. É contra esta administração sem alma que as Freguesias protestam.
Está a correr uma petição nacional contra a extinção,  agregação e fusão de freguesias, que pode assinar aqui.

terça-feira, julho 03, 2012

Em Alfama descanso o olhar


Lisboa é para nós uma paixão. Lisboa é a «cidade mulher» da nossa vida, como canta Carlos do Carmo, nas palavras de Ary dos Santos e na música de Paulo de Carvalho.
E pela Lisboa dos bairros, como pela Lisboa cosmopolita e mundana, vamos deambular, deixando sugestões e convites para que outros descubram esta cidade de recantos e de encantos. Não é um roteiro.
É um passeio de mãos dadas com a cidade.






 
 
E já que falámos na Lisboa Menina e Moça, para começar é em Alfama que descansamos o olhar.
O mais antigo bairro de Lisboa merece a deferência. 
Saímos da rua Jardim do Tabaco e entramos em Alfama pelo Beco do Melo, à descoberta de outros becos, de vielas, escadinhas e chafarizes.
Fotos Francisco João. Texto João Francisco.

segunda-feira, julho 02, 2012

Olá, cá estamos nós.
Este é um blogue para quem ama Lisboa.
Vamos encontrar-nos. Aqui...
Até já!