terça-feira, abril 30, 2013

Sua Excelência, a Maternidade Alfredo da Costa


A Maternidade Alfredo da Costa obteve a classificação máxima em termos de excelência clínica nas áreas de obstetrícia e de cuidados pré-natais e neonatais, segundo uma avaliação feita pela Entidade Reguladora da Saúde.
Os dados constam do relatório do Sistema Nacional de Avaliação em Saúde, tornado público pela ERS, que anualmente faz uma avaliação da qualidade global dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde com internamento.
Na excelência clínica, a Maternidade Alfredo da Costa obteve o nível máximo de qualidade em obstetrícia, tendo sido avaliada a ocorrência de cesarianas, partos vaginais, partos programados, lacerações perineais graves e a correta administração de medicamentos antes do parto.
O anunciado encerramento da Maternidade Alfredo da Costa está a ser discutido em tribunal. Depois de ter originado uma onda de contestação popular e a interposição de uma providência cautelar por um grupo de profissionais de saúde e de utentes, o caso da Maternidade Alfredo da Costa vai ser apreciado pelo Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa durante o mês de Maio. 


Texto e fotos Beco das Barrelas / D.R. 
Veja também:

segunda-feira, abril 29, 2013

Mais um cinema à venda


O edifício do cinema Odéon está á venda e a reabilitação apresenta como condicionante que seja mantida a fachada e respeitado o projeto para a área. O futuro da única sala de espetáculos de Lisboa com elementos de “art déco” é uma superfície comercial com “valências culturais”. O futuro edifício prevê a construção de um restaurante / bar, a instalação de uma pequena orquestra, uma sala de exposições, uma leiloeira de arte e uma loja de discos.

O edifício, situado no centro de Lisboa, na esquina das ruas Condes e Portas de Santo Antão, a dois passos do Rossio e dos Restauradores, poderá ter uma área superior a 5.000 metros quadrados construídos e está à venda por 3,5 milhões de euros.

O cinema Odéon, que exibia uma programação baseada em pungentes dramas latino-americanos, está encerrado desde 1993. Apesar das características únicas do edifício, o mesmo não chegou a ser classificado. Mas esteve lá próximo.

Texto e foto Beco das Barrelas / D.R.

sexta-feira, abril 26, 2013

Cheira a Lisboa


Descendente de ingleses, argelinos, belgas e portugueses, de nacionalidade argelina e residente na Bélgica, a cantora e autora Wendy Nazaré cresceu em viagem entre os países de origem dos seus familiares.

E alguma coisa lhe ficou no ouvido e no coração para que agora gravasse no seu segundo álbum o título “Lisboa”: ficou-lhe certamente no ouvido o “cheira bem, cheira a Lisboa” e no coração esta cidade que fascina pela luz, pelos contrastes, pelo passado e o presente que convivem ao dobrar de cada esquina.

Com Wendy nesta canção dedicada à cidade de Lisboa, o cantor e músico francês Pep’s.

Senhoras e Senhores, “Lisboa”

terça-feira, abril 23, 2013

Dia Mundial do Livro: Duas livrarias com ordem de despejo


Nas vésperas do Dia Mundial do Livro soube-se que os proprietários das livrarias Artes e Letras e Olisipo, no Largo Trindade Coelho, em Lisboa, receberam ordem de despejo. Os dois livreiros não têm dúvidas sobre o que os espera: a nova lei das rendas facilita que o proprietário do prédio apresente a realização de obras de restauro como argumento para lhes dar ordem de despejo. Perante tal argumento, o senhorio só terá de pagar aos inquilinos 12 meses de renda, contra os 24 meses estabelecidos na lei anterior. As instalações das duas livrarias terão de ser abandonadas até 15 de Agosto.

Na opinião de Luís Almeida Gomes, da Livraria Artes e Letras, a nova lei das rendas constitui "uma leviandade de várias instituições". E acrescenta que "hoje em dia, os únicos livros que interessam aos políticos são os livros de cheques".

"Faz parte do meu escape psicológico começar a preparar-me para esta mudança com tempo, ir fazendo um luto faseado e começar já a pensar na próxima livraria", admitiu Luís Almeida Gomes, revelando que, em princípio, irá instalar-se junto da Assembleia da República.

Ao contrário do proprietário da Artes e Letras, o da Olisipo, José Vicente, não anda à procura de um novo espaço para instalar a livraria, pois acha que não faz sentido. Está no Largo Trindade Coelho há 32 anos, tem 65 e não quer começar outra vez do princípio.


Em cima do acontecimento:

A nova lei do arrendamento está a descaraterizar a cidade de Lisboa, escreve o Diário de Notícias desta manhã de 23 de Abril. Despejos unilaterais e denúncias de contratos são cada vez mais uma realidade. O Jornal de Negócios diz que o presidente da Câmara de Lisboa se junta aos comerciantes e pede a suspensão da nova lei das rendas.

 

 

sábado, abril 20, 2013

O Bairro quer voltar a ser Azul


Meia centena de moradores e comerciantes do Bairro Azul enviaram ao presidente da Câmara de Lisboa um projeto de reabilitação da zona para valorizar a sua vertente turística e, consequentemente, impulsionar o comércio local.
 









O Bairro Azul foi o primeiro a ser classificado como ‘conjunto urbano de interesse municipal’ e dos poucos da época déco/modernista que se mantém intacto. É muito central e está rodeado de grandes equipamentos e jardins, todos eles desenhados pelo arquiteto Ribeiro Telles, mas precisa de um plano de valorização para se tornar mais atrativo turisticamente”, disse à agência Lusa a coordenadora da Comissão de Moradores do bairro.
Para comerciantes e moradores, o pequeno comércio do bairro “está em causa” e “precisa de um impulso”, que poderia partir de uma “valorização da arquitetura” da zona.
O nome Bairro Azul advém dos gradeamentos e persianas da zona, que eram todas azuis. Fazia sentido que a Câmara de Lisboa fizesse um ‘manual de boas práticas’, definindo paletes de cor, materiais e possíveis intervenções, para não desvalorizar o bairro”, sugeriu a coordenadora da Comissão de Moradores do bairro.
 

Já no que diz respeito à reabilitação do espaço público, e depois da classificação do bairro como "Zona 30" (onde não é possível circular a mais de 30 quilómetros por hora), a Comissão de Moradores propõe a “libertação do atravessamento automóvel” e a conclusão do estacionamento para moradores num silo automóvel, que desde 2009 tem “conclusão para breve”.
Moradores e comerciantes pedem ainda a construção de um parque infantil, o aumento do policiamento de proximidade, mais ecopontos (enterrados) e o reforço da limpeza diária das ruas.

Para a divulgação do Bairro Azul e a atração de visitantes e, consequentemente, a dinamização do comércio, o projeto de reabilitação propõe a realização de uma exposição, a edição de uma monografia, a realização de feiras e a venda de artigos sobre a zona.
“Não temos estimativa para o investimento necessário. Mas as medidas não têm de ser implementadas todas ao mesmo tempo. O que é prioritário é a requalificação do espaço público, das ruas e dos passeios, alguma requalificação dos edifícios e a divulgação do azul como a imagem do bairro. Mas tudo isso poderia ir sendo feito de uma forma faseada à medida que fossemos arranjando patrocínios”, admitiu a coordenadora da Comissão de Moradores do bairro.

sexta-feira, abril 19, 2013

Com que voz


“Com que voz chorarei meu triste fado…”
Luís de Camões

Quando o poeta escreveu o poema estaria longe de imaginar que um dia haveriam de surgir a música e a voz para as palavras do seu “triste fado”.
Quatro séculos após a morte do poeta, a música de Alain Oulman e a voz de Amália Rodrigues responderiam à inquietação de Luís Vaz de Camões: “Com que voz”.
 
Luís de Camões e Amália Rodrigues são vizinhos nas ruas da Freguesia da Pena, no coração de Lisboa. Quem se dirija do Campo dos Mártires da Pátria para a Calçada de Santana vai passar, no troço da Rua do Instituto Bacteriológico, por uma lápide que assinala que ali “estiveram enterrados os ossos de Luís de Camões durante os anos de 1595 a 1737 depois transladados sem segura identificação para a Igreja de Sta. Maria de Belém a 8 de Junho de 1880”.
E não terá muito que andar até passar pelo número 139 da Calçada de Santana. Ali, um andar acima do rés-do-chão da Tasca do Beco, uma placa reza assim:
Nesta casa, segundo a tradição documental, faleceu em 10 de Junho de 1580 Luiz de Camões. O actual proprietário Manuel José Correia mandou pôr esta lápide em 1867".
 


A dois passos, na segunda transversal para o lado esquerdo da Calçada, fica a Rua Martim Vaz, letrado do século XVI. Talvez tenha privado com Camões, ou sejam parentes, por parte dos Vaz. Entre os números 84 e 86, uma primeira placa, atribuída ao escultor Lagoa Henriques, assinala que “No pátio desta casa nasceu Amália Rodrigues”.




 
Entrando pelo número 86 no acanhado e mal iluminado Pátio Santos, numa inscrição com responsabilidade da Câmara de Lisboa, sobre uma pedra rosada colocada num desvão pode
ler-se:
A 23 de Julho de 1920 aqui nasceu AMÁLIA RODRIGUES. Homenagem da Câmara Municipal de Lisboa.
23 de Julho de 1997”.
Camões e Amália.
Com que voz haveria de ser?

Texto e fotos Beco das Barrelas. D.R.

quinta-feira, abril 18, 2013

Lisboa Capital República Popular

Provavelmente, muitos dos que ouvem falar da iniciativa “Lisboa Capital República Popular”, como talvez alguns dos que falam e escrevem sobre o assunto, ignoram a origem desta ligação entre os títulos dos quatro vespertinos que chegaram a publicar-se em simultâneo em Lisboa.

A graça estava nos ardinas que, apregoando os títulos dos jornais por esta ordem, colocavam Lisboa como capital de uma República Popular, bem diferente da República Corporativa vigente durante 48 anos. “Olha o Lisboa Capital República Popular”, apregoavam os ardinas, e os passantes sorriam à socapa em cumplicidade com a graçola. A República Popular nunca existiu, os vespertinos, como os ardinas, foram extintos.

Mas agora há a iniciativa  “Lisboa Capital República Popular” que, ao longo de quatro dias, sempre em Abril, exerce várias atividades multidisciplinares sobre a realidade do País.

Programa:

Cantores como Márcia, Jorge Palma, Afonso Cabral ou Luanda Cozetti e músicos como Alexandre Frazão, Flak e Norton Daiello...

“A Palavra na Rua”, com o rapper Chullage, o poeta Miguel-Manso e o designer Miguel Januário.

Canto livre, um espetáculo de jovens autores e intérpretes portugueses como Manuel Fúria, Tomás Wallenstein (Capitão Fausto), Alexandre D’ Alva Teixeira, David Jacinto (TV Rural), Diego Armés (Feromona), José Anjos ou Jónatas Pires (Pontos Negros).

Exibição do filme clássico O Couraçado Potemkin de Eisenstein, musicado ao vivo pelo Rodrigo Amado Eye.

quarta-feira, abril 17, 2013

Calçada da Glória - uma rua nova do Almada


O aniversário dos 120 anos do nascimento de Almada Negreiros (1893-1970) está a ser assinalado em Lisboa com um programa de comemorações que inclui uma exposição inspirada no artista multifacetado.
A exposição, intitulada "Almada por se7e" artistas urbanos, pode ser vista na Calçada da Glória.
 
A Galeria de Arte Urbana lançou o desafio a sete artistas - Fidel Évora, João Samina, Mário Belém, Miguel Januário, Pantónio, Pedro Batista e Tamara Alves - para reinterpretarem algumas peças e temas emblemáticos de Almada Negreiros, nascido há 120 anos em São Tomé, e falecido em Lisboa em 1970.
 
Para além da exposição, as comemorações dos 120 anos de Almada Negreiros incluem tertúlias, documentários, exposições, um colóquio internacional, espetáculos, edições sobre o artista e reedições da obra do autor do "Manifesto Anti-Dantas".





Figura destacada da vanguarda da arte portuguesa, Almada Negreiros explorou várias disciplinas de expressão artística, desde as artes plásticas, a poesia e o ensaio, ao romance e à dramaturgia, aos quais também juntou os textos de intervenção e de humor, o bailado e a crítica de arte.
Almada Negreiros realizou, em 1913, os seus primeiros óleos para a Alfaiataria Cunha, e organizou, nesse ano, a sua primeira exposição individual, na Escola Internacional de Lisboa, o que faz com que se cumpra agora um século sobre as primeiras manifestações públicas da sua atividade artística.
O programa de celebrações vai decorrer até ao final do ano.

 
Texto e fotos Beco das Barrelas / D. R.

terça-feira, abril 16, 2013

Arte Viva na Baixa de Lisboa


Cidades como Barcelona, Paris e Londres já decidiram limitar o número de “estátuas vivas” em atividade nas principais vias públicas, procedendo a um processo de seleção, segundo a formação e experiência dos performers.
 
Nas ramblas de Barcelona havia uma média de 25 estátuas vivas em atuação simultânea. Em Barcelona, desde 2011, somente podem atuar 15 estátuas humanas pela manhã e 15 pela tarde.
 
Na Baixa de Lisboa não há por enquanto limites. Mas esta é uma atividade mais recente na capital portuguesa e muito limitada à Rua Augusta, a maior a mais concorrida artéria pedonal do centro da cidade.
 
Mas há de tudo. E a “arte viva” que se exibe imóvel, à semelhança de uma estátua, recria as mais fantasiosas fontes de inspiração, das figuras da história ao imaginário popular.
 
Quanto à origem das “estátuas vivas” está bem identificada: o teatro grego já recorria a atores na pose de estátuas em cena.  

Texto e fotos Beco das Barrelas / D.R.

segunda-feira, abril 15, 2013

Lisboa e o Mar


“Ulisses é o que faz a santa casa
À Deusa, que lhe dá língua facunda;
Que, se lá na Ásia Troia abrasa,
Cá na Europa Lisboa ingente funda.”
Luís de Camões,
Lusíadas, Canto VIII

Construída e desenvolvida ao longo do estuário de um grande rio navegável, Lisboa tem desde sempre o mar como mito fundador, origem e destino.



“Ah, quem sabe, quem sabe,
Se não parti outrora, antes de mim,
Dum cais; se não deixei, navio ao sol
Oblíquo da madrugada
Uma outra espécie de porto?”
Álvaro de Campos, Ode Marítima
 
Da Lisboa do mito de Ulisses à Cidade Medieval, da Cidade Imperial das navegações marítimas à cidade trágica do Terramoto, da Cidade Real ou Republicana à cidade turística que exibe dez séculos de História, Lisboa, o Tejo e o Atlântico têm um caminho comum que as pedras do tempo testemunham.
 
“Estilo manuelino:
Não a nave românica onde a regra
Da semente sobe da terra
Nem o fuste de espiga
Da coluna grega
Mas a flor dos acasos que a errância
Em sua deriva agrega.”
Sophia de Mello Breyner,
As Ilhas
 
Pelo mar, os lisboetas foram e voltaram, ao mar se deram, do mar viveram - marinheiros, pilotos, navegadores, mareantes, marujos, aventureiros, pescadores e varinas - emigrantes e regressados.
“Na areia branca, onde o tempo começa,
Uma criança passa de costas para o mar.
Anoitece. Não há dúvida, anoitece.
É preciso partir, é preciso ficar.”
Eugénio de Andrade,
As palavras interditas
 
Texto e fotos Beco das Barrelas / D.R.

quinta-feira, abril 11, 2013

Novas de Lisboa


Ocean Race volta a Lisboa em 2015

A maior regata do mundo volta a passar por Lisboa em Junho de 2015. O itinerário da Ocean Race é completamente novo, em relação ao que passou por Lisboa em 2012. Os veleiros zarpam de Alicante, Espanha, seguem para o Recife, Brasil, atravessam de novo o Atlântico, dobram o Cabo da Boa Esperança no rumo para Abu Dhabi. Dos Emirados Árabes Unidos, seguem viagem para Sanya, na China, e Auckland, na Nova Zelândia. Após o mítico cabo Horn, a frota ruma a Newport, nos Estados Unidos. Lisboa recebe a Ocean Race em Junho de 2015. A derradeira etapa segue até Gotemburgo, na Suécia.

Novas freguesias podem chegar ao Tribunal
 
Cinco presidentes de juntas de freguesia de Lisboa apelaram à Procuradora-Geral da República e ao Provedor de Justiça para que analisem a constitucionalidade da lei da reorganização das freguesias da capital. Em causa está a diferença de competências e a forma de financiamento atribuídas às freguesias de Lisboa. Em cima da mesa está ainda a hipótese de recurso para o Tribunal Constitucional.
O novo mapa já foi publicado em Diário da República em Novembro do ano passado, mas o processo pode regressar à estaca zero.

Lisboa comemora 120 anos de Almada Negreiros
Lisboa iniciou as comemorações dos 120 anos do nascimento de Almada Negreiros (nascido no ano de 1893 em São Tomé e falecido em Lisboa em 1970) com o lançamento de um vasto programa e a inauguração de uma exposição inspirada na obra do artista, na Galeria de Arte Urbana, na Calçada da Glória.
A exposição "Almada por se7e" artistas urbanos lançou as comemorações que
incluem tertúlias, documentários, exposições, um colóquio internacional, espetáculos, edições sobre o artista e reedições da obra do autor do "Manifesto Anti-Dantas". PIM!

Júlio Pomar tem Atelier-Museu em Lisboa
 


O Atelier-Museu Júlio Pomar foi inaugurado com uma primeira exposição de 100 obras “Em torno do acervo” do artista.
O Atelier-Museu está inserido no conjunto de equipamentos culturais do Município e foi criado para conservar e divulgar a obra do artista plástico português que completou em janeiro 87 anos.
O imóvel, um antigo armazém do século XVII, próximo da Igreja de Nossa Senhora de Jesus, às Mercês, foi Câmara Municipal de Lisboa em 2000 e o projeto de recuperação do edifício é da autoria do arquiteto Álvaro Siza Vieira.


Texto e fotos Beco das Barrelas / D.R.

Gonçalo Ribeiro Teles: Paisagista lisboeta consagrado no mundo


Português, lisboeta, arquiteto paisagista, 90 anos de idade, Gonçalo Ribeiro Teles recebeu o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, considerado o Nobel da Arquitetura Paisagista. O Prémio foi atribuído pela Federação Internacional dos Arquitetos Paisagistas. Segundo a Associação Portuguesa do setor, o Prémio Geoffrey Jellicoe reconhece e consagra “a obra e as contribuições ao longo da vida que tenham tido um impacto incomparável e duradoiro no bem-estar da sociedade e do ambiente e na promoção da profissão de Arquitetura Paisagista".

São da autoria de Ribeiro Telles, entre outros projetos, o Corredor Verde de Monsanto e a integração da zona ribeirinha oriental e ocidental, na Estrutura Verde Principal de Lisboa. Gonçalo Ribeiro Telles também é autor dos jardins da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto, e dos projetos do Vale de Alcântara e da Radial de Benfica, do Vale de Chelas, e do Parque Periférico, entre outros.
Também trabalhou no “Plano Verde” de Lisboa, procurando recuperar as “ilhas de verdura da cidade”, como disse em tempos, em entrevista ao autor deste texto. A questão é que a reabilitação da cidade, como da periferia, está condicionada por décadas de loteamentos e construção.  
“Não houve o cuidado que planear a estrutura ecológica e agora resta-nos recuperar”, disse, acrescentando que ainda hoje a generalidade dos governantes tem “uma consciência ecológica ultrapassada” e a grande maioria dos municípios rege-se por “ideias do século XIX”. Os logradouros, azinhagas, hortas e quintais deram lugar a habitações clandestinas, a caves, arrecadações, oficinas e espaços de estacionamento, a loteamentos de betão. Lisboa também perdeu qualidade. A altura dos prédios roubou luz à cidade, aumentando as correntes de vento e a poluição.

E não só, acrescentava o arquitecto. “Na Europa, a nova construção para habitação não excede três a quatro pisos”, pois está provado que as torres de betão são um factor directamente proporcional “ao crescimento da marginalidade, da criminalidade e do vandalismo”. Mas ultrapassar o urbanismo convencional é um combate desigual. Do outro lado, dizia o arquiteto Ribeiro Teles, estão “a rotina dos técnicos, os interesses dos investidores e o facto de as obras não serem visíveis nem inauguráveis”.

Autor dos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, entre muitas outras obras de Lisboa, Gonçalo Ribeiro Teles cita com frequência, em latim, o que parece ser a sua divisa - “urbe et ager”, cidade e campo – e o seu sonho: levar a cidade ao campo, trazer o campo à cidade.
 
Na sua opinião, a par dos espaços públicos, os quintais e logradouros privados da antiga Lisboa, para além da valorização estética da cidade, teriam ainda hoje uma função insubstituível “para a circulação da água, a amenidade do clima, o combate à poluição”.  
   
Texto e Fotos Beco das Barrelas / D.R.
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Oásis

quarta-feira, abril 10, 2013

Fado passado


O Fado, que é Património da Humanidade e que tem capital em Lisboa, também vai cedendo a algum desgaste dos tempos e às contingências da crise. Quem desça a Rua de São Lázaro vai dar por falta da letragem de Os Ferreiras sobre as portas dos números 150 / 152. Foi mais um restaurante com fados, onde se juntavam profissionais e amadores com a causa amada, que fechou as portas.
É a vida e o Fado não é nem mais nem menos que isso mesmo. Fecham umas casas, abrem outras, e ninguém consegue fazer com rigor um balanço de ganhos e perdas no património material do Património Imaterial da Humanidade que é o Fado e que é Lisboa.
Entre muitas outras - e o critério é como todos os critérios subjetivo - há duas casas que mesmo que tenham desaparecido fisicamente não desparecem da memória coletiva da canção urbana de Lisboa. Falamos de A Cesária e do Solar da Madragoa.
 
A casa A Cesária (século XIX - 1988) não foi apenas um santuário fadista onde cantou, ou terá cantado, a cantadeira Maria Cesária. Nem sequer foi apenas, como bem assinala Vítor Marceneiro no blogue “Lisboa no Guiness”, “uma casa de ‘prostituição’", que “funcionava com o nome de Bar Sábá”, na antiga Rua Velha depois Rua Gilberto Rola, em Alcântara. Foi também, nos anos 50 e 60 do século passado, um grande e popular centro de difusão da canção de Lisboa, que ensinou muita gente nova de então a saber ouvir e a respeitar o fado.
O mesmo pode dizer-se do Solar da Madragoa, com porta aberta na Rua das Trinas, desde o final dos anos 50 até perto do final do século XX.
Tinham em comum o facto de ficarem à margem do roteiro turístico que desembarca carregamentos de turistas que ouvem o fado com acompanhamento de garfo e faca e saem porta fora como o fado que lhes entra por um ouvido e sai por outro.
A Cesária era frequentada por fadistas, que ali cantavam por amor ao Fado. O Solar da Madragoa tinha duas vozes inesquecíveis no elenco: Ilda Silva e César Morgado.
 
Desse passado, não muito longínquo, resta a memória que consta de uma placa no número 20 da Rua Gilberto Rola, em Alcântara, e um pregão de venda ou arrendamento no número 67 da Rua das Trinas.
E tudo isto é Fado. Com memória que é algo mais que a saudade.
 
Texto e fotos Beco das Barrelas / D.R.
 

 

terça-feira, abril 09, 2013

Lisboa em Pessoa - aqui nasceu e morreu




“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.
Fernando Pessoa/Alberto Caeiro;
Poemas Inconjuntos;
5 de Fevereiro de 1925

Fernando Pessoa nasceu (13 de Junho de 1888, num quarto andar do Largo de S. Carlos) e morreu (30 de Novembro de 1935, num Hospital no Bairro Alto). Em vida, viveu em Durban e ele e os seus heterónimos conheceram este e outros mundos. A sua passagem pela vida, em Lisboa, está registada em andares onde viveu, lugares onde trabalhou, nos cafés que frequentou.
 

O seu nascimento tem registo num prédio do Largo de S. Carlos: “No 4º andar desta casa nasceu em 13 de Junho de 1888 o poeta Fernando Pessoa”.

Da sua morte, na fachada do Hospital de S. Luiz dos Franceses, na Rua Luz Soriano, resta a memória do seu derradeiro escrito, em língua inglesa, na véspera da morte do poeta: I know not what tomorrow will bring”.
Segundo o poeta, entre estas duas datas, todos os dias são seus.
Nada mais simples.
Texto e fotos Beco das Barrelas. D. R.

segunda-feira, abril 08, 2013

Quem passa pelo Alcobaça...


Agora que Lisboa anda em maré de peixe, sugere-se uma passagem pela Casa Alcobaça, Restaurante e Petiscos. Na Rua da Oliveira ao Carmo mudou quase tudo nos últimos anos. O Diário Económico mudou-se para Alcântara, a companhia de seguros converteu-se num Hotel de 4 estrelas. Mas o velho Alcobaça está no seu lugar e com a qualidade de sempre. Há quem se lembre da casa nos tempos dos bancos corridos e das mesas de tampo de pedra. Há quem se lembre de ver por ali a boémia do Parque Mayer - a Beatriz Costa, o Mário Alberto. Mas a casa evoluiu o necessário para dar um pouco mais de conforto aos clientes e foi apurando a qualidade. Portugueses e estrangeiros que por ali passem podem avançar com uma certeza: há sempre peixe fresco, do dia, bem cozinhado e acompanhado.
O Alcobaça tem desde há longos anos uma nova gerência. O patrão que substituiu a sociedade inicial deu parceria ao empregado mais antigo. E a equipa mantém-se. Com simpatia a grande eficiência.
 
Há 39 anos, o Alcobaça esteve no centro da História, com o essencial do 25 de Abril de 1974 - o cerco e a rendição do Governo - a passar-se ali à porta. Naquele dia, o patrão António Trindade e o empregado António Evaristo venderam tudo: sandes, bebidas, leite, águas, sumos, cafés. Até o pão rijo da véspera marchou, com qualquer coisa lá dentro, até folhas de louro. Ninguém queria deixar passar a História e o Alcobaça era a fonte de abastecimento mais à mão.
Os tempos passam, as clientelas mudam, mas o Alcobaça tem a mesa posta e na lista brilham os peixes mais saborosos, da Garoupa ao Carapau, alguns dos quais pouco vulgares em listas de restaurantes - como sejam o Cachucho para fritar ou a Sarda para cozer com grelos, batatas e cebola.
E para beber, o vinho da casa, servido em jarros, vem da Herdade do Esporão.
Rua da Oliveira ao Carmo, 9, com o Largo do Carmo à vista.

 Texto e Fotos Beco das Barrelas / D.R
 
Ver também:
 
O Tavares Rico encerrou temporariamente
O bacalhau dos Sapateiros

As referências são datadas e o Beco das Barrelas não se responsabiliza por eventuais alterações na qualidade do serviço e dos produtos, numa fase em que a restauração luta para sobreviver à quebra do poder de compra dos consumidores e ao disparo do IVA para 23 por cento.