terça-feira, junho 17, 2014

Mas o Tejo é sempre novo...


No dia 16 de Junho, pelas duas da tarde, quando o Sol ardia em Lisboa, embora não tanto como na véspera, mas mais que no dia seguinte, uma cortina de neblina descia sobre o Tejo toldando o horizonte e remetendo a paisagem mais longe para os domínios do encoberto. 
Talvez fosse simplesmente o augúrio dos dias mais frios e molhados que agora se anunciam; talvez fosse apenas pelo facto de o Tejo ser, com efeito, sempre novo, todos os dias e a todas as horas diferente. 

Texto João Francisco
Foto de Joana Francisca
Beco das Barrelas / D.R. 

segunda-feira, junho 16, 2014

Sai um prato de gastrópodes para a mesa do canto

Os caracóis – cochleolus como lhe chamavam os latinos - são gastrópodes da subordem dos stylommatophora que têm, entre outras, a grande virtude de não fugirem nem darem o alarme. Num livro recente, o escritor chileno Luís Sepúlveda diz mesmo que os caracóis, «para que lentidão e o silêncio não os assustassem, preferiam nem falar disso e aceitavam ser como eram com uma lenta e silenciosa resignação».

De maneira que, pelo facto de transportarem não a casa, como se diz erradamente, mas o esqueleto às costas, se torna possível capturar uma imensa quantidade destes moluscos, cozinhá-los e servi-los à mesa na época respectiva, o Verão.
O caracol é um herbívoro que, antes do tacho, passa por uma dieta de vinho branco e ervas aromáticas, o que o transforma num pitéu apropriado para acompanhar cerveja gelada, a bebida mais eficaz no combate ao calor e à sede estivais, ou vinho branco.
Os franceses cozinham as caracoletas, às quais chamam escargots à bourguignone, mas em Portugal os mais procurados são os caracóis miúdos, os caracóis caracolitos, cozinhados longamente no tacho com azeite, alho, cebola, louro, orégãos, temperados após a cozedura com sal e pimenta. As ervas e temperos em excesso – ou desapropriados, como os caldos de carne – apenas acrescentam mais sal e disfarçam o sabor verdadeiro do pequeno molusco. 

O caracol come-se no sul de Portugal e no norte de África. É um petisco simples e despretensioso que puxa pela bebida e ambos puxam pelo convívio.

Às portas de Lisboa, Loures organiza regularmente a feira do caracol saloio. Em Lisboa, o caracol é petisco comum nos dias de Verão e tem algumas casas especializadas como sejam: Júlio dos Caracóis, uma grande superfície do caracol, em Chelas, Grã Via, no Campo Grande, Adega do Rossio, na Rua 1º de Dezembro, A Tabuense, na Avenida do Brasil, A Palmeira, na Rua do Crucifixo. 
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Mais comidinhas aqui:

O Mercado senta-se à mesa










sexta-feira, junho 13, 2014

ALFAMA VENCEU 
AS MARCHAS DE 2014


A Marcha de Alfama foi a vencedora da 82ª edição das Marchas Populares de Lisboa 2014. O segundo lugar foi atribuído à Marcha de Alcântara e o terceiro à Marcha do Bairro Alto.
No Desfile das Marchas Populares na Avenida da Liberdade desfilaram este ano 20 Marchas em competição. Desfilaram ainda extra concurso as Marchas dos Mercados e do Parque das Nações, para além da Marcha Infantil da Voz do Operário. O tema deste ano foram os 400 anos da publicação da "Peregrinação" de Fernão Mendes Pinto.
O prémio para Melhor Coreografia e Melhor Figurino coube a Alcântara, enquanto Alfama arrecadou a Melhor Cenografia. O Prémio da Melhor Letra foi atribuído ex-aequo a Alfama, Castelo e Graça. Marvila venceu nas categorias de Melhor Musicalidade e Melhor Composição Original. Alfama ganhou também na categoria de Melhor Desfile da Avenida.
Alfama ganhou o concurso das Marchas de Lisboa pelo segundo ano consecutivo. Nos últimos dez anos, Alfama alcançou oito títulos. Alfama tem um longo historial de vitórias, para as quais muito contribuíram as 13 vitórias alcançadas pela mão do ensaiador Carlos Mendonça, conhecido como “O Mourinho das Marchas”. Mendonça mudou-se em 2011 para o Alto do Pina, e venceu dois anos consecutivos (2011 e 2012), retirando-se depois da actividade

quarta-feira, junho 11, 2014

Junto à praia do Restelo



Encomendada por D. Manuel I, construída por Francisco de Arruda, entre 1514 e 1521, localizada na margem direita do Tejo, junto à praia do Restelo, com a sua torre quadrangular, o seu baluarte poligonal e a sua decoração Manuelina, a Torre de Belém é desde 1983 Património da Humanidade.
Pode e deve ser visitada entre as 10h00 e as 18h30. Encerra às segundas-feiras.

Foto Beco das Barrelas / D.R. 

terça-feira, junho 10, 2014

10 de Junho Dia de Camões

Número 139 da Calçada de Santana, Lisboa
Cá nesta Babilónia

Cá nesta Babilónia, donde mana
Matéria a quanto mal o mundo cria;
Cá, onde o puro Amor não tem valia,
Que a Mãe, que manda mais, tudo profana;

Cá, onde o mal se afina, o bem se dana,
E pode mais que a honra a tirania;
Cá, onde a errada e cega Monarquia
Cuida que um nome vão a Deus engana;

Cá, neste labirinto, onde a Nobreza,
O Valor e o Saber pedindo vão
Às portas da Cobiça e da Vileza;

Cá, neste escuro caos de confusão,
Cumprindo o curso estou da natureza.
Vê se me esquecerei de ti, Sião!
Luís Vaz de Camões, Sonetos

Foto Beco das Barrelas / D.R. 

terça-feira, junho 03, 2014

Do cotovelo da terra à pestana do mundo...

UM ACONTECIMENTO: 

33 anos após a estreia, a Companhia de Teatro A Barraca repôs a peça “Fernão Mentes?”, adaptação de Hélder Costa da “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto. Como então se dizia, “'Fernão Mendes Pinto somos nós'. Como agora ainda diz Hélder Costa, “Um pouco como nós todos, não é?”

Com uma nova montagem mas com o mesmo texto, baseado no monumento da literatura mundial que é a “Peregrinação”, “Fernão Mentes?” mantém a música original de José Afonso, Fausto Bordalo Dias e Orlando Costa que fez o grande espectáculo musical dos anos 80. Em cena mantêm-se dois dos actores do elenco de há 33 anos, Maria do Céu Guerra e João Maria Pinto.

espectáculo vai estar em cena no Teatro da Trindade, em Lisboa, de 19 a 29 de Junho, com horários às 21 e 30 e aos domingos às 18 horas, e depois n'A Barraca, em Santos. 


Grande Final: Quando às vezes ponho diante dos olhos...
Quando às vezes ponho diante dos olhos
A lusitana viagem medonha que eu dobrei
Os tormentos passados e os fados que chorei
Arde o corpo em oração entre pecado e perdão
Agonia o coração e arde o corpo
Do cotovelo da terra á pestana do mundo
Fui treze vezes cativo dezassete vendido


Mataram os mares milhares num gemido

Ai de mim sou missionário

Foge cafre já sou corsário
Marinheiro voluntário
Ai de mim...

(Fausto Bordalo Dias, Por este rio acima)